Seis modos pelos quais o local de trabalho mudará nos próximos dez anos

20 de agosto de 2019

Colaborador: RJ Cheremond

Líderes de RH devem tomar nota: desenvolvimentos sociais, negócios digitais, comportamentos do consumidor, tecnologias emergentes e mais mudarão como as pessoas trabalharão em 2028.

As tendências atuais nos negócios e na tecnologia mostram que o modo como os funcionários trabalham (onde, quando, por que e com quem) mudará completamente ao longo da próxima década e terá pouca similaridade com o trabalho como ele é hoje.

Diretores de recursos humanos devem estar preparados para o que vem pela frente. De’Onn Griffin, diretor analista sênior no Gartner, lista seis ideias sobre o futuro do local de trabalho e como a organização pode se preparar para ele.  

Baixee-book: Principais prioridades para líderes de RH em 2022

“Trabalhar juntos” eliminará a gestão intermediária

Atualmente, equipes compreendem um grupo de pessoas reunidas em estrutura hierárquica ou sob demanda. O trabalho em equipe é, portanto, considerado mais uma necessidade comportamental para promover o espírito e colaboração da equipe, do que um princípio organizacional legítimo.

Entretanto, em 2028, a complexidade e a escala dos objetivos de negócios exigirão empenho de poder mental e conhecimento especializado além dos limites de formas muito mais intrincadas.

“Em 2028, os funcionários usarão avatares, softwares de linguagem, interfaces conversacionais e tradução de dialetos em tempo real para trabalhar e conversar com colegas.”

As organizações, portanto, gravitarão em direção a uma nova filosofia de trabalho denominada “Trabalhar juntos”. Esta filosofia envolve projetar equipes pequenas e flexíveis como resposta às cargas de trabalho flutuantes, tempos de entrega cada vez menores e fluxos intensos de troca e coordenação de informações.

“Trabalhar juntos” encorajará as empresas a criar equipes pequenas, autônomas e de alto desempenho que formam, convergem, atuam e que são desmanteladas conforme as atribuições mudam. Impulsionadas pela autonomia e confiança entre membros de equipes, “Trabalhar juntos” reduz a necessidade de gestores humanos montarem equipes e monitorarem o desempenho.

Uma liderança que muda de forma eficaz requer que líderes trabalhem com o RH para investir em algoritmos que identifiquem habilidades e competências de trabalhadores e que modifiquem as ferramentas de perfis de trabalhadores para exibir carteiras de trabalho em vez de cargos.

Líderes também precisam considerar tecnologias de gestão de capital humano (Human Capital Management, HCM) para se manterem em dia com demandas e realidades de talentos.

O aprimoramento de habilidades e destreza digital serão mais valorizados do que a carreira e a experiência

Em 2028, o trabalho de maior valor será cognitivo por natureza. Os funcionários terão de aplicar a criatividade, o pensamento crítico e constante crescimento em habilidades digitais para resolver problemas complexos. “A demanda por habilidades digitais cresceu 60% ao longo dos últimos anos.

Na economia digital atual, a demanda por novas ideias, novas informações e novos modelos de negócios que se expandem, se combinam e se transformam continuamente em novos empreendimentos e novos negócios aumentará”, diz Griffin. “Os funcionários devem atualizar consistentemente sua destreza digital para atender a essas necessidades.”

Para líderes de RH, isso significa uma proporção crescente de tarefas que exigirão pós-graduação. O RH terá de estabelecer e promover um ambiente de aprendizado contínuo, significando que a aquisição de conhecimento e a transparência na organização se tornará uma parte das operações diárias. Ao experimentar programas não tradicionais como acampamentos, aprendizado de consumo, competições e hackathons, os funcionários conseguirão desaprender e reaprender constantemente.

Escolhas extremas de trabalho traçarão linha tênues entre limiares, negócios e colegas

Negócios digitais, montados sobre vastas redes e ecossistemas, aumentarão a distribuição de trabalho em comunidades de pessoas e de empresas globalmente.

Em 2028, os funcionários usarão avatares, softwares de linguagem, interfaces conversacionais e tradução de dialetos em tempo real para trabalhar e conversar com colegas em diferentes idiomas, fronteiras e culturas, com perda quase nula de contexto ou de significado.

Neste tipo de sistema em que as pessoas podem não se conhecerem, todos se basearão em confiança, competência e comportamento ético para classificar umas às outras, muito semelhante a como as pessoas classificam compradores e vendedores em plataformas de compras.

“A tecnologia avaliará quando as pessoas trabalharam demais e quando elas precisam se “recarregar” com o  monitoramento dos seus biorritmos, requisitos nutricionais e necessidades de exercícios.”

E, conforme o cenário dos negócios muda, líderes devem empregar tecnologia e informação para construir um espaço de trabalho híbrido, tanto físico quanto digital, que englobe os estilos de trabalho de todos os seus funcionários e não apenas aqueles que estão empregados permanente ou que tenham habilidades digitais robustas. Líderes devem considerar o impacto nos valores organizacionais e de cultura ao gerenciar a entrada de talentos novos e transicionais.

Eles precisarão ser claros em relação aos cargos vitais, que precisam de continuidade de prazo mais longo e conhecimento organizacional, distinguindo-os de outros cargos que possam ser preenchidos por funcionários temporários.

Leia também: Cinco lugares nos quais você não procurou talentos digitais.

Máquinas inteligentes serão nossos colegas de trabalho

Máquinas inteligentes estão se tornando cada vez mais espertas e onipresentes, não apenas realizando tarefas antes reservadas a humanos, mas também para o que se pensava serem impossíveis de serem realizadas por máquinas.

Até 2028, as empresas começarão a aumentar as funções de máquinas, softwares, aplicativos e avatares inteligentes. Os funcionários desenvolverão kits de ferramentas pessoais de clones virtuais (contrapartes virtuais), com a ajuda de softwares e dispositivos de inteligência artificial (IA) que são mais acessíveis às suas atividades pessoais ou em equipe. Além disso, eles terão a capacidade de carregar seus locais de trabalho pessoais para todos os lugares, usando comunidades na nuvem, aplicativos abertos e assistentes pessoais virtuais.

A extrema destreza digital será, em última análise, o modus operandi usado pelos funcionários em 2028. O aumento das exigências para um local de trabalho mais automatizado acendeu a combinação explosiva: pessoas e tecnologia.

Líderes proativos devem investigar como o uso regular de IA, softwares inteligentes e robôs revigorarão a estratégia de trabalho, e para conseguirem impulsionar uma vantagem competitiva, funcionários com alto desempenho devem ser encorajados a criar e compartilhar ferramentas de IA ou portfólios personalizados de aplicativos, ferramentas e tecnologia inteligente para elevar o nível da extrema destreza digital.

Trabalharemos por propósito e paixão, não apenas dinheiro

Cada vez mais, os funcionários querem imprimir um impacto social significativo, e eles farão isso mais cedo em suas vidas, em vez de aguardar a aposentadoria.

Em 2028, as pessoas buscarão oportunidades ativamente para vincular seu impacto e valor em seu trabalho à sua missão, propósito e paixões. A visualização das postagens de outras pessoas nas redes sociais motivará as pessoas a se envolverem mais e a contribuir para a inovação e justiça social.

Empresas inteligentes se tornarão mais atraentes não apenas por causa do dinheiro, mas por oferecerem aos funcionários uma oportunidade de ter um impacto social significativo por meio do seu trabalho. O RH deve criar uma mensagem que ressoe e que impulsione o envolvimento por meio da criação de iniciativas para funcionários compartilharem histórias, experiências e sucessos pessoais em várias causas sociais.

Desafios de trabalho e vida revelarão um lado obscuro

Funcionários que trabalham de forma independente ou em locais remotos enfrentarão um dilema: para aprimorar suas habilidades e gerenciar projetos de modo mais eficiente, eles assumirão mais atribuições de trabalho, potencialmente até um ponto em que sentirão que estão trabalhando o tempo todo. Em consequência, alcançar um equilíbrio entre vida e trabalho não será mais suficiente; os funcionários terão de se esforçar para priorizar a vida em relação ao trabalho.

Por fim, a tecnologia avaliará quando as pessoas trabalharam demais e quando elas precisam se “recarregar” com o monitoramento dos seus biorritmos, requisitos nutricionais e necessidades de exercícios.

Mas há aspectos negativos no equilíbrio entre vida e trabalho em 2028. À medida que a tecnologia elimina a distância entre as pessoas geograficamente separadas, ela cria brechas em relacionamentos e culturas. A distribuição remota do trabalho significa que muitos funcionários não construirão relacionamentos sociais no local de trabalho, levando a problemas de falta de comprometimento e solidão.

Diretores executivos e líderes de RH devem trabalhar em conjunto para assegurar que o equilíbrio entre vida e trabalho seja favorável para cada funcionário conforme mudam seus estágios de distribuição de trabalho, tempo e de vida. A capacidade de visualizar um pouco do futuro fará com que o trabalho dos líderes de RH seja infinitamente mais fácil.

 

Recursos recomendados para clientes Gartner*:

Como trabalharemos em 2028

*Alguns documentos podem não estar disponíveis para todos os clientes Gartner.

Explore conteúdo detalhado para ajudar a manter-se informado e atualizado

Impulsione o desempenho nas principais prioridades estratégicas das organizações.