Como elaborar uma estratégia eficaz para o futuro do trabalho

Uma estratégia eficiente para o futuro do trabalho é um conjunto de iniciativas para lidar com a incerteza e as implicações de eventos futuros que levam a mudanças em como, quando e onde o trabalho é realizado; sobre quem ou o que faz o trabalho; e até mesmo sobre o que é considerado trabalho. Estas mudanças podem ser impulsionadas por uma organização ou por tendências de forças externas, tais como tecnologia emergente, mudanças de mercado e mudanças demográficas. 

“Essas tendências podem representar ameaças existenciais ao modelo de negócios, às operações, à força de trabalho ou à cadeia de suprimentos de uma organização”, afirma Emily Rose McRae, Diretora Analista Sênior da Gartner. “Como as novas tendências estão forçando as organizações a mudar com mais frequência do que nunca, uma estratégia para o futuro do trabalho deve ser um documento vivo, e o desenvolvimento de uma estratégia para o futuro do trabalho é um exercício iterativo.”

Uma estratégia para o futuro do trabalho abrange:

• Uma descrição do estado atual e desejado da organização sobre como, quando e onde o trabalho é realizado; quem ou o que faz o trabalho; e o que é considerado trabalho;

• Uma lista priorizada de tendências para o futuro do trabalho;

• Um plano de ação para implementar iniciativas para o futuro do trabalho que pode ser seguido pela organização.

Recomendamos um processo abrangente de três fases para desenvolver uma visão e estratégia para o futuro do trabalho da sua organização: análise de tendências, criação de cenários e planejamento estratégico.

Primeiro, avalie, compreenda e priorize as principais tendências e possíveis disrupções.

Identifique as tendências

• Obter tendências de fontes externas, como especialistas externos, relatórios de imprensa, relatórios de tendências específicas da indústria e alertas de mecanismos de pesquisa, e fontes internas, por exemplo, líderes empresariais progressistas, análise de talento, atas de reuniões de conselhos e executivos e pesquisas com funcionários e clientes;

• Derivar tendências ao imaginar um futuro potencial e trabalhar retroativamente para o que deve acontecer para que esse futuro se concretize. Existem várias técnicas para prever um futuro potencial, incluindo uma pré-morte, “ficção científica”, analisando o comportamento do concorrente e análogos entre diferentes indústrias.

Interprete tendências

Use uma ou ambas as lentes a seguir para compreender a relevância e as implicações das tendências identificadas:

• Incerteza sobre tendências: avalie tendências em um espectro de incerteza baixa a alta e dentro de quatro categorias:

  • Tendências que são realidade hoje;

  • Tendências previsíveis;

  • Tendências imprevisíveis;

  • Tendências transformadoras. 

Isso o ajudará a compreender as implicações dessas tendências para os objetivos da sua organização. Você pode determinar ainda mais a relevância das tendências ao comparar o grau de incerteza em relação ao horizonte de tempo que sua organização considera ao planejar para o futuro do trabalho.

• Impacto das tendências: avalie tendências com base na influência de fatores externos, como fatores tecnológicos, políticos, econômicos, sociais ou culturais, de confiança ou ética, regulatórios ou legais e ambientais (TPESTRE ou análise de “tapeçaria”). Isso o ajudará a descobrir quais tendências têm maior potencial de impactar sua organização. Aprofunde a compreensão da relevância ao identificar os fatores organizacionais que irão acelerar ou inibir o impacto de cada tendência.

Priorize tendências

Em seguida, priorize as tendências com maior impacto potencial ou oportunidade de vantagem competitiva. Por exemplo:

• A metodologia de três filtros da NASA inclui longevidade, alinhamento com funcionários e/ou pool de talento e oportunidade como critérios de avaliação para refinar a lista de tendências e moldar a visão do futuro do trabalho da organização. Depois de filtrar as tendências, a NASA agrupa-as em temas baseados em metas finais (por exemplo, concepção para partilha e segurança) para deixar espaço para alcançar cada meta de várias maneiras;

• A abordagem de filtros de avaliação de megatendências da John Deere inclui uma tela de impacto (testando a relação entre a tendência e o negócio e as capacidades principais da empresa) e uma tela de oportunidade (classificando megatendências e identificando aquelas adequadas para investimento focado em tempo e recursos). Essas peneiras ajudam a filtrar e priorizar as tendências para o futuro do trabalho.

A segunda fase envolve uma abordagem adaptativa para prever e testar cenários de negócios futuros usando as tendências priorizadas para o futuro do trabalho.

Desenvolva cenários futuros

1. Identifique incertezas críticas para tendências priorizadas que podem conduzir a uma série de resultados futuros; 

2. Combine uma gama extrema de resultados futuros para criar cenários futuros;

3. Identifique as implicações para o negócio de cada cenário e use técnicas de narrativa para construir narrativas simples e relacionáveis ​​que ilustrem o impacto nos negócios; 

4. Avalie a qualidade dos cenários elaborados.

Cenários de teste

Identifique possíveis eventos que devem ou não acontecer para que cada cenário se desenvolva. Isso ajuda a traçar um caminho de eventos do estado atual para cenários futuros e permite monitorar se as coisas estão evoluindo para favorecer um cenário específico. A partir daí, avalie a probabilidade de possíveis eventos para priorizar os cenários com maior probabilidade de ocorrência e grau de disrupção.

Desenvolva um plano de ação ou plano estratégico para identificar, implementar e acompanhar iniciativas para o futuro do trabalho. O plano estratégico também deve ser adaptável e responder às mudanças nas tendências.

Identifique iniciativas

Conduza uma análise de lacunas da estratégia de negócios atual e dos cenários futuros em ordem de prioridade para identificar lacunas em seus objetivos atuais e futuros. Use esta análise para selecionar as iniciativas para o futuro do trabalho mais pertinentes para preencher as lacunas e direcionar o futuro da sua organização com base no cenário mais provável e de maior prioridade.

Desenvolva programas

Divida suas iniciativas para o futuro do trabalho em programas com objetivos e cronogramas específicos e atribua equipes com base nas capacidades necessárias. Determine o investimento de recursos necessário para implementar cada programa e entregar com sucesso o plano estratégico.

Meça o progresso

Selecione métricas e mecanismos de monitoramento para acompanhar o progresso da sua organização e corrija o curso, se necessário. Esta etapa também inclui identificar e monitorar mudanças nas tendências que possam afetar cenários futuros e desencadear uma avaliação de suas iniciativas.

Muitas vezes, as organizações se preparam para o futuro do trabalho em silos de unidades de negócios individuais com líderes mais estratégicos. Esta abordagem informal e fragmentada do futuro do trabalho levanta riscos significativos, tais como prioridades conflitantes das unidades de negócios, redundâncias em processos e esforços e desalinhamento com os objetivos organizacionais. Estes riscos podem ter graves implicações em termos de custos.

Uma estratégia para o futuro do trabalho unificada e em toda a organização é a abordagem mais eficaz. Pode proporcionar uma vantagem competitiva na indústria e no mercado de trabalho, revelar ideias inovadoras, acelerar ações em tempos de disrupção e melhorar o engajamento do funcionário e a marca do empregador. Ele também fornece um modelo central para unidades de negócios individuais, criando responsabilidade e prestação de contas compartilhadas em direção a um único objetivo.

À medida que mais organizações começam a investir no planejamento do futuro do trabalho, os líderes de RH devem liderar o esforço para desenvolver uma estratégia centralizada para o futuro do trabalho nas suas organizações. Ter um plano estratégico robusto permitirá que as organizações permaneçam competitivas em um ambiente de contínua disrupção e incerteza.

Este artigo foi atualizado a partir do original de março de 2022 para refletir novas pesquisas e desenvolvimentos.