Como criar cultura no mundo do trabalho híbrido

10 de novembro de 2021

Colaborador: Mary Baker

Fique atento e não deixe a cultura organizacional da sua empresa à própria sorte, estejam seus funcionários fisicamente presentes ou não.

A cultura organizacional continua a evoluir à medida que a pandemia da COVID-19 persiste. Conversamos com Elisabeth Joyce, vice-presidente do Gartner, após sua sessão ReimagineHR 2021, “Pergunte ao especialista: a criação de uma cultura em um mundo virtual ou híbrido”, para entender melhor o que é realmente a cultura organizacional e como os líderes de RH e executivos podem e devem construí-la.

O que é cultura organizacional? 

Essa é uma boa pergunta, porque muitas pessoas pensam na cultura organizacional como sendo a impressão que se tem do seu ambiente. Mas a cultura de uma organização é o conjunto de normas comportamentais e regras não escritas que moldam a forma como os funcionários interagem e realizam o trabalho. A cultura organizacional é fundamental para criar a melhor experiência para os funcionários.

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A cultura organizacional é a prioridade de muitos líderes de RH?

Com certeza. À medida que as organizações continuam a gerenciar as mudanças em grande escala na forma como trabalhamos, a cultura organizacional se tornará, se ainda não for, a prioridade de RH e de todos os líderes executivos. Muitos estão preocupados que a cultura de sua organização sofra ou mude em um mundo primeiramente virtual ou híbrido. Eles não têm certeza de como manter os mesmos ideais culturais quando os funcionários não trabalham de forma coesa em um só lugar. 

Com os funcionários trabalhando em ambientes distribuídos com mais frequência, os líderes executivos temem que a cultura da própria organização se torne fragmentada e mais fraca, levando a níveis mais baixos de engajamento, desempenho e inovação.

Como os líderes de RH viam a cultura antes da pandemia da COVID-19?

Nossa pesquisa mostra que antes da pandemia, 70% dos líderes de RH estavam confiantes de que sabiam de qual cultura a própria organização precisava para impulsionar o desempenho dos negócios. Ainda assim, apenas 30% estavam confiantes de que a cultura real da própria organização refletia a cultura desejada. 

Em outras palavras, os líderes poderiam articular o que queriam que a cultura fosse (pense nos valores da empresa), mas eles não estavam confiantes de que criaram um ambiente consistente que refletisse o estado desejado. Tudo bem dizer que a organização valoriza inovação, colaboração e confiança, por exemplo, mas os líderes de RH precisam perguntar: “Esses valores são demonstrados em nosso comportamento e em como tratamos uns aos outros?” 

A realidade é que havia problemas antes da pandemia (em termos de conscientização da força de trabalho e crença na cultura) para garantir que os funcionários se comportassem de maneira consistente e alinhada à cultura desejada. 

A mudança para modelos de trabalho remoto e híbrido diluiu a cultura organizacional?

Até onde podemos ver, não. Apesar do medo de muitos, nossa pesquisa mostra que a maioria dos funcionários vê a mudança em grande escala para o trabalho remoto como um fator positivo para a cultura da organização em que trabalham, e 76% dos funcionários que passaram a trabalhar de forma remota/híbrida relatam uma percepção positiva do “local de trabalho”. 

Da mesma forma, 64% dos funcionários híbridos e 66% dos remotos relatam que a cultura da organização em que trabalham tem um impacto positivo em seu trabalho em comparação com apenas 52% dos funcionários presenciais.

O RH e os líderes executivos precisam trabalhar mais na cultura organizacional?

Com certeza. A cultura organizacional precisa ser forte o suficiente para atrair e reter os melhores talentos, impulsionar o desempenho e atender aos objetivos de negócios. Fortalecer a cultura significa mais do que apenas garantir que os funcionários estejam satisfeitos com a cultura da organização. A cultura deve ser forte o suficiente para impulsionar o indivíduo e o desempenho dos negócios. Também é importante que entendamos como os novos ambientes nos quais estamos passando mais tempo (o ambiente virtual e o ambiente doméstico) estão influenciando como nos comportamos, visto que os comportamentos são uma parte muito importante da cultura.

O ReimagineHR Employee Survey de 2021 do Gartner revela que apenas 18% dos funcionários disseram que trabalham em um ambiente com um alto nível de justiça ou que a experiência do funcionário é caracterizada por ser justa. Esses tipos de sinais de alerta podem sinalizar perigo para as culturas que desejam atrair e reter talentos. Precisamos ter certeza de que a equidade está embutida em nossos comportamentos futuros.

Como os líderes de RH e executivos podem alcançar a cultura que desejam para a própria organização?

Nossa pesquisa mostra que 68% das equipes executivas estão reavaliando a cultura da própria empresa para refletir o “novo normal” do trabalho virtual e híbrido. Os líderes precisarão considerar sua estratégia de negócios e identificar quais são as duas ou três coisas de que precisam para impulsionar o sucesso. Não existe uma cultura certa ou errada, mas existem coisas que os líderes devem exigir na forma como suas equipes trabalham juntas que vão conduzir ao sucesso dos negócios.

O segredo é operacionalizar a cultura e fazer os funcionários se sentirem conectados a ela, estejam trabalhando remota ou presencialmente. Muitas de nossas conversas com líderes sobre a elaboração da cultura futura da organização se concentram na preocupação de que o local de trabalho físico seja o principal fator estimulador dessa conexão. Mas o ambiente de trabalho não é o fator estimulador da cultura. Pelo contrário, a cultura é a maneira como nos comportamos e trabalhamos juntos. Portanto, precisamos pensar sobre como ativar os comportamentos certos em nosso planejamento, independentemente da localização geográfica das pessoas. O fundamental aqui é que precisamos ativar deliberadamente a cultura, não podemos simplesmente dizer para as pessoas se comportarem de uma determinada maneira. Por exemplo, articular valores culturais apenas usando artefatos tangíveis como pendurar seus valores na parede não funciona. Precisamos chegar ao “como” traduzir a cultura para as atividades diárias das pessoas. 

As organizações que entendem isso compreenderão os novos fatores estimuladores da cultura e como ela é operacionalizada nos ambientes em que estamos passando mais tempo agora. Elas incorporarão a cultura à nova maneira de trabalhar para ajudar os funcionários a compreenderem a cultura desejada, acreditar nela e vivê-la no novo ambiente remoto ou híbrido.

 

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